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sábado, julho 27, 2024
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Seca fora do normal em rios da Amazônia: Entenda

seca prolongada e “fora do normal” nos rios da Amazônia, que tem castigado milhares de moradores na região, está relacionada, segundo especialistas, à combinação de dois fatores que inibem a formação de nuvens e chuvas: o El Niño (que é o aquecimento do oceano Pacífico) e a distribuição de calor do oceano Atlântico Norte.

⚡ E o cenário não é animador: a previsão é de mais estiagem nos próximos meses, atrasando o início da estação chuvosa, que começaria a partir de outubro.

🚨 No estado do Amazonas, por exemplo, a Defesa Civil prevê uma seca recorde neste ano. Dos 62 municípios, 17 já estão em situação de emergência e 38, em alerta. O governo federal, em parceria com o local, criou uma força-tarefa para lidar com problemas como a navegação de embarcações prejudicada pelas áreas rasas dos rios.

Geralmente, setembro é o mês em que a seca é mais sentida na Bacia Amazônica. No entanto, neste ano, a situação está atípica, de acordo com os meteorologistas.

A seca está fora do normal e deve piorar nos próximos meses. O El Niño tem uma grande contribuição nisso, assim como a distribuição da temperatura das águas do Atlântico Tropical.

Veja, abaixo, a situação dos rios do Brasil nos últimos 30 dias:

Situação dos principais rios brasileiros — Foto: Luisa Rivas / Arte g1

Situação dos principais rios brasileiros — Foto: Luisa Rivas / Arte g1

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), ligado ao governo federal, explica que, “apesar de o reflexo dos dois fenômenos ocorrerem em regiões diferentes da Amazônia, o aquecimento das águas do oceano desencadeia um mecanismo de ação similar sobre a floresta“. Ou seja, ambos reduzem as chuvas na região.

“O evento do Atlântico Tropical Norte está se somando ao El Niño. Dois eventos ao mesmo tempo são preocupantes. Tivemos isso entre 2009 e 2010, que foi a maior seca registrada na bacia do rio Negro nos últimos 120 anos”, afirma o meteorologista Renato Senna, responsável pelo monitoramento da bacia amazônica no Inpa.

Segundo Dolif, a última seca na região foi em 2016, justamente em decorrência do último El Niño, registrado em 2015 e 2016.

O que está acontecendo na Amazônia

🔥🌊 Atuação do El Niño:

  • De um lado, há o El Niño, que aumenta a temperatura das águas do Oceano Pacífico Equatorial.
  • Esse fenômeno altera os padrões de ventos, umidade, temperatura e chuvas, em particular em regiões tropicais. No Brasil, se traduz em menos chuvas e aumento das temperaturas em parte das regiões Norte e Nordeste.

🔥🌊 Aquecimento do Atlântico Tropical Norte:

  • De outro lado do continente, há o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, que fica logo acima da linha do Equador e também inibe a formação de nuvens, reduzindo o volume de chuvas na Amazônia.

🚨 Combinação desses dois fatores:

  • Com a água dos oceanos mais quente, as correntes ascendentes carregam ar aquecido para a atmosfera. Esse ar segue até a Amazônia por meio de duas correntes descendentes, onde vai diminuir a chuva.
  • No caso do El Niño, o processo ocorre de leste para oeste – a partir do Pacífico. No caso do Atlântico, do norte para o sul.

“Esse ar mais quente atua inibindo a formação de nuvens e, por consequência, das chuvas”, afirma Senna, do Inpa.

  • Com isso, os níveis dos rios na região têm baixado de forma muito rápida.
  • Em alguns pontos do Amazonas, os rios estão com bancos de areia, o que dificulta o trajeto de embarcações, principal meio de locomoção entre comunidades da região, em velocidade normal e em segurança. Trechos dos rios Solimões e Amazonas vão receber serviço emergencial de dragagem para abrir caminho para a navegação, segundo o governo local.
  • Algumas cidades já registram problemas no abastecimento de água e falta de alimentos, provocada justamente pela dificuldade de locomoção das embarcações.
  • Além do impacto na população, a estiagem deste ano também tem resultado na morte de peixes, botos e outros animais.

Seca x eventos extremos

Uma nota conjunta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) aponta para um fim de ano (outubro, novembro e dezembro) mais seco na região Norte.

Segundo os órgãos, “a previsão indica o predomínio de condições mais secas do que o normal, com destaque para a região amazônica”.

No Sul do país, que tem sofrido com as enchentes, a expectativa é de chuva acima da média, conforme o mapa abaixo.

Previsão de chuva na região amazônica — Foto: Arte/g1

Previsão de chuva na região amazônica — Foto: Arte/g1

O impacto de eventos extremos, como as chuvas no Sul e, agora, a seca na Bacia Amazônica, foi citado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao participar da abertura de uma oficina sobre mudanças climáticas nesta quinta-feira (28).

“O que está acontecendo no Rio Grande do Sul e agora no estado do Amazonas é a demonstração em três dimensões de que os eventos climáticos extremos já estão nos afetando de forma assustadora e dramática”, afirmou.

Por Mariana Garcia, Fernanda Calgaro, g1

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