Calouros do curso de medicina veterinária deram entrada no hospital de urgência e emergência após serem expostos a substâncias de uso veterinário durante um trote universitário no município de Cacoal, em Rondônia, no último fim de semana.
Durante o evento estudantil, que aconteceu em uma universidade particular da cidade, os alunos tiveram seus corpos cobertos por substâncias veterinárias e tóxicas, incluindo um produto indicado para tratamento de ‘bicheiras’ em bovinos e creolina (desinfetante de instalações rurais).
![Estudantes chegaram ao hospital com náuseas, pele e os olhos tingidos por uma mistura azulada — Foto: Reprodução](https://i0.wp.com/s2-g1.glbimg.com/SkirdkFIvJl9DZFRj7xS0S_KQh4=/0x0:330x495/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/q/A/7dz3JzRZAgb4xxoQQa2Q/trote-azul-sao-lucas.png?w=696&ssl=1)
Estudantes chegaram ao hospital com náuseas, pele e os olhos tingidos por uma mistura azulada — Foto: Reprodução
De acordo com Daniel Nascimento, médico oftalmologista, os estudantes chegaram ao hospital com náuseas e a pele e os olhos tingidos por uma mistura azulada. Ninguém apresentou lesões graves.
“O contato com essas substâncias pode prejudicar a visão, mas o quadro é reversível. Com o tempo, lavagem e tratamento, a coloração roxa desaparecerá do globo ocular e da pele”, explicou o médico.
Os jovens receberam alta no mesmo dia e estão realizando tratamentos oftalmológicos para evitar complicações, segundo o médico oftalmologista.
![Trote aconteceu em uma universidade particular da cidade de Cacoal (RO) — Foto: Reprodução](https://i0.wp.com/s2-g1.glbimg.com/MfdXMnWr5Hm3um3vV_bR_BX_O1o=/0x0:330x396/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/A/I/QCfAYSSACRyyAaFwgzWA/trote-estudantes.png?w=696&ssl=1)
Trote aconteceu em uma universidade particular da cidade de Cacoal (RO) — Foto: Reprodução
O que diz a universidade?
Em nota, o Centro Universitário Mauricio de Nassau de Cacoal informou que está ciente do incidente ocorrido durante o trote universitário e está iniciando um processo administrativo para investigar a situação e tomar as medidas necessárias de acordo com o regulamento da instituição.
Além disso, todo semestre realiza a campanha “Trote Solidário”, que tem o objetivo promover a integração e o espírito de comunidade entre os estudantes, e proíbe atos de bullying, violência e assédio na instituição.
Nesta edição, a campanha é de arrecadação de produtos de higiene pessoal para doação a instituições de caridade da cidade.
Trote universitário: em quais situações pode ser crime?
Os trotes universitário são atividades propostas por universitários veteranos para receber os calouros no início da faculdade, que, à primeira vista, parecem inofensivas podem, na verdade, configurar crime.
Abaixo, veja o que pode ser enquadrado como crime no trote estudantil:
- Forçar ou incentivar o consumo de bebidas alcoólicas;
- Forçar ou estimular beijos e atos sexuais entre os participantes;
- Agredir verbal ou fisicamente;
- Dar apelidos pejorativos;
- Obrigar ou proibir uso de determinadas vestimentas e acessórios;
- Obrigar ou estimular o calouro a pedir dinheiro no trânsito, em bares ou nas ruas;
- Forçar determinados comportamentos possivelmente degradantes, como agir como animais;
- Raspar ou cortar cabelos à força ou impor que sejam cortados;
- Proibir os calouros de acessar determinadas áreas da instituição;
- Obrigar ou incentivar o consumo de alimentos que não façam parte da dieta da pessoa (como carne para vegetarianos);
Os crimes mais comuns associados a esses trotes são injúria, ameaça, constrangimento, lesão corporal, racismo e até homicídio (veja detalhes abaixo). Vai depender de como as vítimas são coagidas a passar por essas situações.
- Injúria: é ofender a dignidade ou a honra de alguém. A pena chega a seis meses de detenção e, se tiver violência, a um ano. Na injúria racial, quando a ofensa é por raça, cor, etnia, religião ou origem, a punição é prisão de dois a cinco anos.
- Ameaça: Ameaçar alguém verbalmente ou por gestos pode levar à prisão de um a seis meses.
- Constrangimento ilegal: é constranger alguém mediante violência ou ameaça. A pena vai de três meses a um ano de detenção.
- Lesão corporal: é ferir alguém. A pena varia conforme as consequências da violência e vai de três meses a um ano de detenção para os casos leves e chega a 8 anos nos mais graves.
- Racismo: é a discriminação por raça, cor, etnia, religião ou procedência contra a coletividade. A pena é de dois a cinco anos de reclusão.
- Homicídio: A pena por matar vai de seis a 20 anos de prisão. Sobe em caso de homicídio qualificado, como motivo fútil, ou feminicídio.
Por Emily Costa, Luciana Kuster, g1 RO e Rede Amazônica