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quarta-feira, outubro 9, 2024
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Seca extrema revela cor natural do rio Madeira

A cor esverdeada do rio Madeira, em Porto Velho, voltou a aparecer por causa da seca extrema. A mudança na tonalidade está diretamente ligada ao nível da água e aos sedimentos presentes no rio. Rio Madeira registrou, nesta semana, o menor nível da história: 25 centímetros.

A Coordenadora de Recursos Hídricos da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam), Daniely Sant’Anna, explicou ao g1 que durante os períodos de cheia, o rio adquire uma cor barrenta, enquanto nas secas intensas, a coloração esverdeada natural pode ser vista.

Segundo Daniely, a cor amarronzada do rio Madeira está ligada aos sedimentos trazidos pelos seus afluentes. Já a coloração verde ocorre por causa da presença de algas, que se alimentam de esgoto, fertilizantes e outras substâncias presentes na água.

“Quando o rio está cheio, há um grande volume de terra que é arrastado para o leito, principalmente pela chuva e o desbarrancamento das margens. Por isso, o rio fica com essa aparência barrenta”, explicou.

Rio Madeira marrom — Foto: Reprodução/Amaggi

Rio Madeira marrom — Foto: Reprodução/Amaggi

Nos períodos de seca, como o atual, o volume de água diminui, e os sedimentos acabam decantando, ou seja, se concentram no fundo do rio. Isso faz com que a água fique mais “clara” e revele sua cor natural: esverdeada.

“A tonalidade verde está relacionada à composição do solo e à presença de algas esverdeadas, que se tornam mais visíveis quando a quantidade de sedimentos diminui”, esclareceu Sant’Anna.

Essa mudança de cor, portanto, é um fenômeno natural que ocorre sempre que o nível do rio está mais baixo.

“Quanto menos água, mais esverdeado fica o rio. E quanto mais água, mais barrento ele se apresenta”, concluiu.

Régua no rio Madeira — Foto: Gladson Souza/Rede Amazônica

Régua no rio Madeira — Foto: Gladson Souza/Rede Amazônica

Além da seca, outros fatores também influenciam o comportamento do rio Madeira, como as usinas hidrelétricas instaladas na região. Segundo a especialista, a formação dos reservatórios das usinas de Santo Antônio e Jirau alterou a velocidade da correnteza, o que interfere na movimentação dos sedimentos. O que explica a presença mais forte do verde em algumas regiões do rio.

“A construção das usinas fez com que o rio ficasse mais lento em certas áreas, especialmente nas proximidades dos reservatórios. Esse represamento permite que os sedimentos se depositem com mais facilidade no fundo, criando um ambiente onde a água tem menos movimento”, destacou a especialista.

Seca hidrelétricas rondônia — Foto: Arte g1

Seca hidrelétricas rondônia — Foto: Arte g1

Seca histórica

Rondônia enfrenta a maior seca da história. À 1h30 da madrugada da última segunda-feira (23), o rio Madeira chegou a um nível nunca observado em Porto Velho: 25 centímetros. A medição do rio começou a ser feita em 1967 pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB).

Em 2023, o rio já havia passado por uma seca história, mas o cenário não chegou próximo ao observado em 2024. Nesse período do ano, em 2023, o Madeira estava em 1,43 metro, mas deveria estar em torno de 3,80 metros. Atualmente o rio está a mais de 3 metros abaixo do esperado.

Esse cenário reflete na realidade das comunidades ribeirinhas, que sofrem com a falta de água e de peixes. André Pinto, pescador, viu o rio desaparecer rapidamente, assim como os peixes. Locais onde antes os ribeirinhos passavam de barco para pescar, foram substituídos por bancos de areia.

“De onde a gente tira o alimento para sobreviver é disso, da pesca. E não está tendo isso. Você desce aqui de canoa no rio desse aqui, você sobe e desce e não pega nada. Não tem”, relata o pescador André Pinto.

Outros rios do estado também enfrentam a seca. Entre 16 e 23 de setembro, foram registrados os seguintes níveis mínimos:

  • Rio Machado: 6,08 metros
  • Rio Jaruaru: 0,03 metros
  • Rio Pimenta: 3,43 metros
  • Rio Mamoré: 5,05 metros
  • Rio Guaporé: 3,5 metros
  • Rio Jamari: 1,21 metros
  • Rio Candeias: 8,98 metros

Rio Madeira chega a cota de 25 centímetros e impacta vida de comunidades ribeirinhas

Por Caio Pereira, g1 RO

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